O câncer medular de tireoide é causa rara de neoplasia maligna. A manifestação clínica mais comum é a presença de nódulo na tireoide, mas alguns indivíduos podem apresentar-se com diarreia, rubor da face e do pescoço (flushing), e fraturas secundárias às metástases ósseas.
A punção aspirativa por agulha fina do nódulo de tireoide e a dosagem sérica do hormônio calcitonina são os exames realizados diante da suspeita desse tipo de tumor. A pesquisa de mutações do proto-oncogene RET deve ser realizada, porque esse exame permite o diagnóstico diferencial entre as formas esporádica e hereditária do tumor. Na forma hereditária, os familiares de primeiro grau devem ser submetidos à pesquisa da mutação RET.
Pacientes com câncer medular de tireoide devem ser submetidos a investigação de doenças que podem estar associadas a essa condição como o o líquen amiloide cutâneo em região interescapular, os ganglioneuromas, o feocromocitoma e o hiperparatireoidismo.
O tratamento do câncer medular de tireoide é cirúrgico e consiste na retirada total da tireoide e no esvaziamento de grupos específicos de linfonodos cervicais. Após a cirurgia, as dosagens dos marcadores tumorais calcitonina e antígeno carcinoembrionário (CEA) e os exames de imagem avaliam se há doença residual e orientam quanto à necessidade de tratamentos complementares.
A resposta ao tratamento é excelente quando os marcadores tumorais negativam no pós-operatório e não há evidência de tumoração detectada por exames de imagem. É considerada bioquímica incompleta quando os marcadores tumorais permanecem elevados, mas não há evidência de tumor detectável por exames de imagem. A resposta é incompleta com doença anatômica quando há presença de massa tumoral persistente na região cervical ou à distância, e indeterminada quando os marcadores tumorais são elevados, mas os achados nos exames de imagem são inconclusivos.
A ecografia é o exame adequado para localizar metástases na região cervical. A tomografia computadorizada de tórax identifica metástases no mediastino e pulmões, enquanto a ressonância magnética identifica metástases no fígado e no esqueleto axial. A cintilografia óssea é utilizada para avaliar metástases ósseas.
Outros tratamentos, como a radioterapia, as intervenções percutâneas, a embolização de metástases hepáticas e o uso da classe de medicamentos denominados inibidores das tirosina-quinases serão indicados para os casos específicos da doença.
Dra. Maria de Fátima de Magalhães Gonzaga
Endocrinologista, com título de especialista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia e mestrado em Ciências da Saúde pela Universidade de Brasília. Especialista em Clínica Médica, com experiência na área de Medicina Interna. Atualmente, é responsável pelo ambulatório de diabetes mellitus e pelo ambulatório de endocrinologia geral do Hospital Universitário da Universidade de Brasília. Atua como preceptora de ensino e coordenadora da Residência Médica em Endocrinologia e Metabologia na mesma instituição.