É muito importante que mulheres com diabetes mellitus que desejam engravidar estejam com a glicose (açúcar no sangue) o mais próximo da normalidade possível. A glicose bem controlada antes da concepção protege a futura mamãe e é importante para a formação do bebê. Quanto melhor for o controle da glicemia (açúcar no sangue), menos prováveis serão os problemas para a mãe e para o feto, e mais tranquilo será o trabalho de parto.
Preferir alimentos in natura como os grãos inteiros, as carnes, as verduras, os legumes, as frutas e evitar alimentos processados (os chamados industrializados, incluindo farinhas). Fazer atividade física regular, desde que não exista contraindicação, auxiliam no controle do peso e da glicose no sangue.
A medida da glicemia capilar informa se a alimentação saudável e o exercício físico estão sendo efetivos para o controle da glicemia ou se há necessidade do uso de insulina. O controle da glicose ajuda a evitar que a pressão arterial aumente durante a gravidez e que o feto torne-se grande para a idade da gestação. Além disso, aumenta a possibilidade de parto normal e reduz o risco de hipoglicemia no recém-nascido e a necessidade de sua admissão em unidades de tratamento intensivo neonatal.
Na hora do parto
As grávidas portadoras de diabetes mellitus necessitam de controle glicêmico rigoroso durante o trabalho de parto com o objetivo de evitar a diminuição da oxigenação do feto (hipoxemia fetal) e a queda do açúcar no sangue do recém-nascido (hipoglicemia neonatal). A Sociedade de Endocrinologia Clínica e o Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas recomendam glicemia entre 70 e 126 mg/dL durante o parto de gestantes com diabetes. A monitorização da glicemia capilar vai orientar se há ou não necessidade da administração de insulina para que esse objetivo seja alcançado.
Na fase latente do parto, se a alimentação oral for permitida, a sua quantidade deverá ser reduzida. Em situações em que a ingestão oral não for liberada e a fase latente for prolongada, uma solução venosa contendo glicose é utilizada para fornecer aporte de calorias para a mãe e para o feto, mesmo na gestante com diabetes. Ao mesmo tempo, para evitar aumento da glicose no sangue da mãe e do bebê, as mulheres com diabetes mellitus tipo 1 necessitarão de insulina, mesmo que em quantidades reduzidas. Aquelas com diabetes mellitus tipo 2 ou gestacional podem ou não necessitar de suplementação de insulina nesta fase. Assim como na fase latente, na fase ativa do parto, as gestantes com diabetes recebem glicose endovenosa para preencher as necessidades calóricas aumentadas e, se necessário, insulina, para evitar aumento da glicose no sangue da mamãe e do bebê.
Dra. Maria de Fátima de Magalhães Gonzaga
Endocrinologista, com título de especialista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia e mestrado em Ciências da Saúde pela Universidade de Brasília. Especialista em Clínica Médica, com experiência na área de Medicina Interna. Atualmente, é responsável pelo ambulatório de diabetes mellitus e pelo ambulatório de endocrinologia geral do Hospital Universitário da Universidade de Brasília. Atua como preceptora de ensino e coordenadora da Residência Médica em Endocrinologia e Metabologia na mesma instituição.