Nódulos de tireoide são muito comuns e a sua prevalência aumenta com a idade, podendo ser encontrados no exame médico de rotina, mas também podem ser percebidos como uma massa na região cervical pelo próprio paciente ou por alguém próximo, como um amigo ou um familiar. Em outras oportunidades, os nódulos são diagnosticados por ecografia, tomografia computadorizada, ressonância magnética ou PET, que tenham sido realizados por outros motivos que não sejam, necessariamente, para a avaliação da tireoide.
Os nódulos podem ser hiperfuncionantes, e causarem produção excessiva de hormônios tireoidianos, ou serem inexpressivos quanto à produção hormonal. Com relação aos sintomas locais, os nódulos podem causar dor, rouquidão, dificuldade de engolir ou respirar, ou serem assintomáticos. A importância clínica baseia-se na necessidade de exclusão dos tumores malignos, que ocorrem em 5%–10% dos nódulos tireoidianos, e vai depender da idade, história de exposição à radiação, história familiar, do sexo, entre outros fatores.
A avaliação laboratorial esclarece se o nódulo produz ou não excesso de hormônios tireoidianos. A cintilografia de tireoide é um exame solicitado apenas quando o nódulo é hiperfuncionante, ou seja, quando o nódulo de tiroide causa produção hormonal excessiva, um quadro conhecido como hipertireoidismo. A ecografia da tireoide é realizada com o objetivo de avaliar as características do nódulo e de guiar a agulha fina durante a punção para aspiração de células do nódulo tireoidiano. A retirada de células de dentro do nódulo para a análise citológica permite diferenciá-lo em benigno ou maligno. Em alguns casos, a citologia não distingue se o nódulo é benigno ou maligno e o mesmo é considerado nódulo indeterminado.
Nódulos benignos assintomáticos são acompanhados regularmente por palpação e ecografia de tireoide. A necessidade de punção vai depender da avaliação clínica e das características ecográficas. Apenas os nódulos malignos, ou os nódulos benignos que causam sintomas compressivos ou desconforto estético, são encaminhados para a remoção cirúrgica. Com relação aos nódulos tireoidianos indeterminados, a conduta vai depender da evolução clínica e das características ecográficas dos mesmos. Outra possibilidade consiste na realização de testes moleculares nas células obtidas por punção nesses nódulos chamados indeterminados. Esse exame pode auxiliar na decisão de manter o seguimento clínico ou fazer a remoção cirúrgica.
A tireoide é uma glândula muito importante para o funcionamento adequado do organismo. Além do mais, na sua topografia estão as glândulas paratireóides que regulam o cálcio corporal. Nas proximidades da glândula tireoide existe uma região repleta de vasos e nervos e, portanto, sempre que possível, essa glândula merece ser preservada. Como a maioria dos nódulos de tireoide é de natureza benigna, os mesmos podem ser acompanhados por palpação, avaliação laboratorial e ecografia da glândula, sem a necessidade de remoção.
Dra. Maria de Fátima de Magalhães Gonzaga
Endocrinologista, com título de especialista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia e mestrado em Ciências da Saúde pela Universidade de Brasília. Especialista em Clínica Médica, com experiência na área de Medicina Interna. Atualmente, é responsável pelo ambulatório de diabetes mellitus e pelo ambulatório de endocrinologia geral do Hospital Universitário da Universidade de Brasília. Atua como preceptora de ensino e coordenadora da Residência Médica em Endocrinologia e Metabologia na mesma instituição.